capítulo 6: "Com Mais Dois '6' Ficava O Número Da Besta!"

resumo do capítulo anterior:
Filho da Puta, nosso herói que realizou seu sonho de narrar em primeira pessoa 1.5 capítulos de novela, tem um pequeno embate com seu pênis para definir quem é o cabeça da relação. E depois disso ouve, da bela boca cheia de dentes de Flor de Eucalipto, que os dois são, na verdade, IRMÃOS GÊMEOS!!!

AHÁ!!!

(deixando bem claro que os dois a que eu me refiro aqui são o Filho da Puta e a Flor de Eucalipto, e não o pênis e o Filho da Puta e menos ainda a Flor de Eucalipto e o pênis do Filho da Puta)

Fora isso tudo, também citou-se a possibilidade de sexo. E o Filho da Puta gostou MUITO disso.

Tá, pensando bem, acho que essa é que foi a parte mais importante do capítulo.

Ah sim... E o autor? O autor prefere não dar declarações nesse momento. Na Veja de domingo deve sair alguma informação a respeito.


capítulo de hoje:
"Péra, você me entendeu errado..." - disse Flor de Eucalipto.

"Ah droga... Eu sabia que era bom demais para ser verdade..." - respondeu o Filho da Puta - "então não somos irmãos gêmeos, certo?"

"Não, idiota! Digo, sim, nós somos gêmeos! Nós não vamos é fazer sexo!"

"Porra, e porquê?"

Flor de Eucalipto apontou para um espelho atrás deles. Se olharam.

"Nossa..."

"Pois é... É de se espantar a nossa semelhança..."

"Os mesmos olhos..."

"O mesmo nariz..."

"Como se fossemos duas metades da mesma bunda!"

"Mas... Quem é a metade direita e quem é a esquerda?"

"Tanto faz, mas não é impressionante?"

"É, é..."

"Só a sua barba nos diferencia..."

"É que eu não tive tempo de me barbear hoje antes de sair" - respondeu Flor de Eucalipto acariciando o queixo peludo.

"Certo... "- disse o Filho da Puta, virando-se novamente para a mulher - "Então agora eu acredito que você é minha irmã gêmea desaparecida. Muitas saudades... Puxa, que emoção louca... Nem acredito que te conheci... E blábláblá... Acho que mereço um presente de reencontro, não?"

"Sem sexo..."

"Boquete?"

"Achei que você já tinha cuidado dessa parte..."

"Porra, nunca dá pra contar com a família pra nada..." - resmungou o Filho da Puta.

Flor de Eucalipto começou a se incomodar : "Escuta aqui rapaz, tô começando a ficar irritada com seu egoísmo! Você agora é protagonista de uma novela, então trate de se portar como tal!"

"Ah, moça, qualé? Tá certo que você é minha irmã gêmea e tal, mas nem vem! Eu lá pedi pra ser protagonista dessa josta? E tem mais, como assim 'se portar como tal'? Já tem até um coelho branco que fala! O autor é um completo retardado que não sabe

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Interrompemos essa novela para dar ao Filho da Puta um tempo para repensar suas declarações e perceber que eu, Adriano Vannucchi, posso criar para ele passado, presente e futuro, todos cheios de experiências desagradáveis e dolorosas.

Pronto? Então vamos em frente:

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"O autor é um puta gênio incompreendido da arte narrativa que sabe como ninguém misturar o bizarro e o socialmente relevante em uma novela que ainda será estudada por anos a fio antes de finalmente ser selecionada como Obra Única de Leitura Obrigatória para o vestibular da USP!" - disse o Filho da Puta, sorrindo amigavelmente antes de sussurar para Flor de Eucalipto - "O que você acha que eu devo perguntar agora?"

"Sobre seu passado..."

"Sim! Isso! Diz aê... Quem sou eu?"

"E eu lá vou saber, pô? Acabei de te conhecer!"

"Poxa, achei que você ia me dar umas respostas..."

"Sim, eu vou, mas vai com calma, né? Vou só te dar umas perguntas que vão te deixar com mais dúvidas que certezas..."

"Bonito isso..."

"Sou formada em Letras..." - Flor de Eucalipto sorriu antes de completar irritada - "Mas me poupe das piadas falando de minha habilidade com línguas. Eu já ouvi todas, ok?"

"Tá, tá... Enfim... Sobre meu passado... Eerm..."

"Você pode perguntar quem são nossos pais?"

"BOA! Quem são eles?"

"Não tenho idéia..."

"Porra, garota! Nem sexo nem respostas?"

"A questão é que eu também não sei quem são nossos pais... Eu só sabia que você vinha hoje por uma razão muito simples..."

"Qual?"

"Estava escrito..."

"... Na novela? Nas estrelas? Na bula do seu laxante?"

"Eu joguei tarot hoje, e as cartas me disseram: 'você receberá a ...' Péra, como assim meu laxante?"

"Desculpe, desculpe..."

"Enfim, as cartas me disseram: 'você receberá a visita de seu irmão gêmeo desconhecido e começará a abrir as portas para ele descobrir o passado de vocês dois...'"

"Pô, eu tenho que fazer tudo por aqui?"

"Sim, tem..."

"Saco... O que mais você pode me dizer?"

"Que você deve procurar as alcachofras..."

"Epa! De novo esse papo? Eu nem gosto desses troços! Pra mim uma alcachofra parece uma cabeça de pinto feita de várias cabeças de pintos!"

"EXATO!"- gritou Flor de Eucalipto antes de assumir um ar professoral - "existe uma lenda que percorre a Rua Augusta, de que existe um outro tipo de Alcachofra, capaz de enlouquecer as pessoas, derrubar reis e construir lendas..."

"Urra..."

"Elas são conhecidas como Alcachofras da Luxúria e dizem que se alguém conseguir encontrá-las, terá em mãos o poder para dominar o mundo..."

"Urra..." - repetiu o Filho da Puta, comprovando sua falta de criatividade para interjeições de espanto - "isso quer dizer... Dominar o mundo todo? Tipo... Poder comer toda a mulherada?"

"Também isso..."

"Urra..."

"Entenda... Eu fui abandonada aqui, nesse puteiro, quando bebê, dentro de um cesto e apenas com uns trapos e um bilhete... O que aliás, não fazia nenhum sentido, já que eu não sabia ler por ser um bebê. Sobrevivi sozinha, me escondendo entre as plantas, apenas me alimentando quando algum cliente derrubava leite sobre os móveis..."

"Leite? Você tem certeza que era leite?"

"Aaah, porra..." - Flor de Eucalipto fez cara de nojo - "Enfim, pelo menos falam que tem bastante proteína..."

"E é gostoso também!" - respondeu o Filho da Puta - "mas vem cá, pelo menos quero saber onde entro nessa história, já que não vou entrar em você..."

"Então, quando finalmente me encontraram morando aqui dentro, eu tinha uns 17 anos, o pessoal me ensinou a ler, e eu finalmente pude ver o que estava escrito no maldito bilhete... Na época eu não consegui entendê-lo, mas agora, conhecendo você, acho que ele faz sentido... Você disse que tem pai e mãe, certo?"

"Bem, sim... Ou pai e pai, já que a Puta é travesti, mas tenho. Eles me disseram que me encontraram aqui."

"Certo, isso confirma minha teoria... O bilhete explicava porque eles só levaram você e eu fui deixada aqui..."

"O que dizia o bilhete?"

"Foi mal, só tem espaço no carro pra um cesto..."

"Faz sentido... Mas e as alcachofras?"

"Ah sim, o bilhete ainda tinha uma segunda frase: ' e se conhecer seus pais verdadeiros, pergunte o que eles quiseram dizer com Alcachofras da Luxúria...' Agora eu entendo tudo, seus pais devem saber quem são os nossos pais e eles devem saber mais sobre as Alcachofas! O que eles disseram?"

"Bom, eles disseram que meu passado estava aqui..."

"E o que mais?"

"Eeerm... Ok, acho que eu esqueci de perguntar mais..."

"Como assim? Você fica sabendo uma coisa desses e esquece de perguntar mais?!?"

"É, acho que me empolguei quando ouvi que era num puteiro e me distraí um pouco..." - sorriu encabulado o Filho da Puta - "mas espere garota, já que você veio com esse papo de protagonista, entãoe está na hora deu dar as cartas por aqui!"

"Tarot?"

"Não, não... Conduzir a conversa..."

Flor de Eucalipto concordou, então o Filho da Puta continuou

"Deixa eu ver se eu entendi... Nós somos irmãos gêmeos, podemos ter alguma ligação com essas tais Acerolas..."

"Alcachofras..."

"Isso aí... Podemos ter como descobrir mais sobre essas cabeças de pinto feitas de várias cabeças de pinto..."

"Na verdade, dizem que as alcachofras da luxúrias são diferentes, que elas parecem uma vagina feita de várias mini-vaginas..."

"Urra... Bom, nós dois podemos ter, escondidos em nosso passado, os segredos das mini-vaginas que podem mudar o mundo..."

"Isso... E nós podemos dominá-lo..."

O Filho da Puta sainda sentia dificuldade em entender a vastidão desse conceito. Ok, comer a mulherada era legal mas... Dominar o mundo? Tipo... Todo? Finalmente completou: "Filho da Puta Primeiro é um puta nome de líder, né não?"

"Pelo menos é mais sincero do que a maioria dos nomes de políticos..."

"Certeeeza... Mas enfim, agora só precisamos perguntar pros meus pais mais dicas sobre nosso passado. Tudo isso faz muito sentido, mas ainda falta eu entender uma coisa só..."

"Diga..."

"Por quê não posso te comer?" - resmungou o Filho da Puta com olhos pidões...

"Eu já disse..."

"Só por sermos irmãos gêmeos? Pô, pensa assim... Uma punheta é você fazendo sexo com você mesmo, então comer seu gêmeo que é tipo igual a você é quase igual, não?"

Flor de Eucalipto surpreendeu-se com a lógica por trás do raciocínio, mas refletiu melhor sobre a situação, lembrou que tinha esquecido de depilar as pernas hoje e achou melhor continuar evitando - "Tá, é quase igual... Mas você esquece da lógica folhetinesca. Você tinha que ter me comido ANTES de saber que eu era sua irmã gêmea, justamente para que depois do ato, quando você descobrisse a verdade e se arrependesse, todo mundo que já comeu seu gêmeo pudesse se identificar com o seu drama. Assim vira só incesto, perde a dramaticidade..."

"E se durante o sexo eu chorar?"

"Ah, aí acho que rola... Bom, tem mais um jeito de aumentar o seu drama e o choque da situação..."

"Qual?"

"Além de tudo, você pagar pra comer sua gêmea... Vai te sair vintão..."

"Porra... Achei que só quem pedia dinheiro na família era cunhado..."

Então Flor de Eucalipto sorriu provocante antes de falar:

"Não sou cunhado, mas você vai adorar poder me dar uma cunhada..."

"Hummm... Ok, garota, acho que tá na hora de uma confraternização em família..." - sorriu o Filho da Puta.

Foi nessa hora que, do outro lado da sala, uma voz misteriosa gritou:

"Vocês dois vão é estar parando quietinhos exatamente aí onde vocês dois estão estando!"

O Filho da Puta olhou. Primeiro viu o revólver que estava apontado para sua cara e depois viu a pessoa que o segurava. Ele gritou:

"VOCÊ?!?"

(continua no próximo capítulo:
7: "Hora de Estar Apresentando a Vilã!" )