capítulo 11: "Blábláblá-blábláblá!!!"
resumo dos capítulos anteriores:
Loucura, loucura, loucura!
O Filho da Puta, nosso inoxidável herói, está decidido a dominar o mundo utilizando o poder das Alcachofras da Luxúria. Para desvendar o mistério da localização das benditas alcachofras, ele precisará da ajuda de sua irmã, Flor de Eucalipto, uma ex-prostituta cujo espírito agora encontra-se preso no corpo de um coelho branco (não perguntem como ela terminou assim, é complicado demais para resumir aqui, num simples resumo).
Agora os dois terão que bater de frente com Gerundina, a única mulher que foi capaz de conquistar o coração do Filho da Puta e que, para infortúnio dos leitores, fala tudo no gerúndio e no diminutivo.
Na sequência do embate entre nossos heróis e sua inimiga mortal - sendo mais específico, no capítulo seguinte da novela - os pais adotivos do Filho da Puta, a Puta e o Desconhecido, discutiram como ficaria a relação deles após a revelação que o clitóris da Puta na verdade era um pênis. Após o Desconhecido perceber que não tinha como abrir mão de uma relação estável de 30 anos por causa de uma bobagem dessas, os dois se preparam para momentos de sexo criativo, mas foram interrompidos por um grupo de homens armados que atravessaram sua parede e apontaram suas sub-metralhadoras para os dois.
Eram os homens de Gerundina, e ela viera em busca de uma simples informação: saber quem são os verdadeiros pais do Filho da Puta.
Enquanto isso, o autor percebe uma moscada. Será que não ficou confuso? Os leitores perceberam que os primeiros dois capítulos foram na casa do Filho da Puta e que o capítulo 10 não foi lá, mas sim na casa dos pais dele? Mistééééérioooooo...
capítulo de hoje:
O Filho da Puta abriu a porta de sua casa com um chute. Entrou num salto, ajoelhou-se no chão e olhou em volta, segurando a pistola firmemente em suas mãos.
Ninguém.
"Pode entrar."- ele disse para Flor de Eucalipto, que esperava do lado de fora - "a casa está limpa."
Flor de Eucalipto ainda estava emburrada. Ela tentara convencer o irmão a ir imediatamente até a casa dos pais adotivos dele, mas o Filho da Puta achou que era tarde e os dois podiam estar dormindo. Eles podiam deixar pra amanhã a continuação do plano para dominar o mundo, ele dissera, não é como se um filho da puta qualquer fosse encontrar as alcachofras antes deles.
"A desvantagem de ser um coelho é que as pessoas ficam com uma tendência injusta de não te levar a sério" - ela pensou e, resignada, entrou pulando na sala. Olhou para a arma do Filho da Puta e reclamou:
"Você realmente precisa fazer esse número todo pra entrar na sua casa? Você acha que é da SWAT ou algo assim?"
"Flor de Eucalipto, eu te disse que precisava me certificar se a casa estava limpa. A sorte foi que a faxineira veio hoje, senão iam ter uns ratos enormes aqui na sala."
"Hum... Ratos... " - refletiu Flor de Eucalipto - "Acho que agora eles são meus parentes, não?"
O Filho da Puta ficou confuso após ouvir essa questão. Seus conhecimentos de biologia se resumiam a saber que se é verde então é planta, e mesmo isso causara problemas uma vez quando ele regara um palmeirense e terminara sendo perseguido por toda a torcida organizada. Finalmente, ele disse:
"Bom, acho que sim... Tipo... Coelhos são peludos e fofinhos... Ratos também, então acho que sim, são parentes. Tá certo que por essa ótica até o Tony Ramos é seu parente, mas..."
"Escuta aqui Filho da Puta, dá pra você guardar de vez sua maldita pistola?"
"Opa, desculpe..." - respondeu o Filho da Puta enquanto fechava a braguilha - "acho que ele escapou enquanto eu rolava no chão."
"Normal... De vez em quando acontecia deu rolar no chão e acabar deixando escapar um peito ou dois."
"É, isso também acontece comigo..." - respondeu o Filho da Puta distraidamente.
A verdade é que ele não contara para Flor de Eucalipto a real razão que o levara a sacar sua arma. Quer dizer, era verdade que nos dias em que a faxineira não aparecia, os ratos tomavam a sala, mas o Filho da Puta já se acostumara com a presença deles. Pombas, ele até mesmo conseguira ensiná-los a guardar os dvds na caixinha depois de assistirem filmes.
A razão para ele sacar sua pistola antes de entrar foi outra: ele estava viciado no arrepio que sentia ao guardá-la nas costas. Agora só faltava decidir uma coisa: enfiar a arma duma vez, e sentir um arrepio rápido e forte ou leeentamente, e sentir um arrepio suaaaaaaave?
"Ei, você tem uma cenoura por aqui?" - perguntou Flor de Eucalipto.
O Filho da Puta sentiu-se um homem egoísta. Pensando apenas em seu próprio prazer enquanto sua irmã sofria, tentando se ajustar ao fato de que nunca mais teria sua glamurosa vida de prostituta, tendo que se contentar com a trivial vida de coelha falante.
Ele era um Filho da Puta, verdade, mas o amor de Gerundina já amolecera seu coração. Descobrir que tinha uma irmã, ainda mais uma que lembrava tanto o seu personagem predileto de Alice no País das Maravilhas, deixara-o ainda mais capaz de abrir mão de seus sentimentos mais importantes, desde que com isso fosse capaz de provocar o bem para outras pessoas. Então, agindo com generosidade, ele perguntou:
"Flor de Eucalipto, você não quer guardar minha arma? Você vai gostar!"
"Mano, deixe de ser idiota? Eu não tenho bolsos! Guarde você mesmo, pô!"
O Filho da Puta ficou desiludido. Ia guardar a arma no cós de sua calça quando percebeu que o clima já se acabara, o fogo tinha passado, ele já não olhava a arma do mesmo jeito que antes...
Ele guardou a pistola no armário mesmo.
"Mano? Por que você está chorando?"
"Nada, nada... Eu sempre fico emotivo quando uma relação afetiva se esfria..."
"É verdade..." - concordou a coelha - "num dia vocês praticam sexo animal em cima do fogão aceso e no seguinte, puf, o único contato do outro que você quer é das unhas quando suas costas coçam." - então ela olhou para seu corpo coelhal - "e nem isso vou precisar mais! Finalmente uma vantagem de ter essas patas traseiras longas!"
O Filho da Puta assustou-se com essa última declaração. Sua irmã não sentir necessidade de alguém que coçasse suas costas podia significar que ela estava desejando tornar-se uma solitária, uma pária do amor. Igualzinha à mulher que fora trocada por um anêmona.
"Filho da Puta? Por que você está andando esquisito todo esse tempo?"
Foi nessa hora que ele se lembrou do que pegara no chão do puteiro e escondera em sua calça. Não podia deixar que Flor de Eucalipto visse o que era. Pensou rápido e encontrou a saída sutil perfeita para a situação.
"Nada não, maninha. Agora me dá licença que eu vou lá no banheiro cagar meio quilo de bosta..."
"Ah, mas que horror, Filho da Puta! Por que vocês homens fazem sempre questão de falar esse tipo de coisa? Por que todo homem faz questão de falar do próprio cocô?"
"Sei lá... Orgulho, acho... De uma certa forma, é a experiência mais próxima de parir um bebê que nós homens conseguimos chegar, sabe? Vocês mulheres não ficam todas 'meu filho puxou os olhos do pai', 'minha filha puxou o joelho da avó' e não sei mais o quê? Então? Nós..."
"Filho da Puta?"
"Sim?"
"Você não percebeu a sacanagem de ficar falando nisso quando eu ainda estou me acostumando com a idéia de passar o resto da minha vida cagando bolinhas secas? Vai lá no banheiro ter seu filho, vai?"
"Beleza!" - ele sorriu e para fingir que estava realmente apertado, segurou a bunda com as mãos enquanto corria manquitolante para o banheiro.
Entrou, trancou a porta. Tirou o objeto de dentro de sua calça. Admirou-o e pensou onde poderia escondê-lo. Onde sua irmã nunca olharia? No cesto de roupas sujas? No meio de sua coleção do Reader's Digest? Finalmente teve uma idéia. Embrulhou em papel higiênico e colocou dentro do lixo. Se sua irmã perguntasse, ele sempre podia responder que aquilo era um piñata que ele tinha trazido de recordação do México.
Sentindo-se o primeiro ser humano à aproximar-se em genialidade de Carla Perez, o Filho da Puta voltou para a sala. Flor de Eucalipto não estava lá. Então ele foi olhar no quarto e, lógico, lá estava ela, deitada em sua cama, numa pose provocante.
"Não pense que essa sua ceninha de sedução vai me dobrar, Flor de Eucalipto..."
"Não pensei em dobrar... Mas em deixar reto... E duro..."
"Palavras podem endurecer meus ossos mas pedras não... Erm... Enfim, saia de minha cama, maninha... Seus pelos vão ficar entrando no meu nariz a noite inteira!"
"Eu também quero coisas entrando em mim..."
"Flor de Eucalipto... Já disse que seu estratagema não irá funcionar comigo! Não pense que essa é a primeira vez que eu encontro um Coelho, nu em pêlo, em minha cama."
"Sério? E o que aconteceu na outra vez?"
"Ué, eu o comi..."
"Oba!"
"Erm... Não da forma que você está pensando..." - disse o Filho da Puta lambendo os beiços."
"Você só não quer me comer porque eu sou sua irmã!!!" - gritou Flor de Eucalipto enquanto franzia o focinho.
"Espera... Vamos recomeçar: você está falando de comer em qual sentido?"
"Ooos doooisss! Aaaiii, eu não devia ter contado que sou sua irmã gêmea... Agora você não me come só porque vai se sentir como se estivesse se olhando num espelho."
O Filho da Puta olhou para a coelha e pensou: "Nossa, nossas orelhas são iguais!" - mas não falou isso, para não dar o braço a torcer. Preferiu apelar pra outras questões:
"Flor de Eucalipto... Não é isso... Lembra quando eu falei que o espírito do Coelho está aí dentro de seu corpo?"
"Lembro."
"Então, é só por isso que eu não quero te comer agora... Tipo, sei lá, ia ser quase como comer você com alguém olhando..."
"Filho da Puta, você não consegue fazer sexo com alguém olhando?"
"Não, eu não... E você?"
"Ah, eu fazia às terças e quintas no palco do Saigon. Mas então o meu irmãozinho é tímido?"
"Opa, pra caramba. Foi por isso inclusive que eu abandonei minha idéia de site erótico com webcam, o filhodaputabatendouma.com.br."
"Nossa, que endereço sensacional!"
"É, né?"- empolgou-se o Filho da Puta - "Eu devia ter feito esse site, eu ia ganhar milhões! Pensa bem, todos os homens quando tão em casa ficam vendo site pornográfico atrás de foto de mulher pelada pra bater uma, certo?"
"Certo..." - concordou Flor de Eucalipto.
"Então, a questão é: e quando eles tão no trabalho, vêem as mulheres peladas e não podem bater uma? Daí era só entrar no meu site que eles iam me ver tocando uma punheta VIOLENTÍSSIMA e pronto, iam se sentir satisfeitos! É tipo um lance meio meta-linguagem, saca?"
"Nossa, Filho da Puta, você é um puta gênio!"
"Eu sei, eu sei..." - e foi nessa hora que ele percebeu que sua empolgação não tinha vindo sozinha - "bom, preciso ir ao banheiro..."
"De novo?"
"Ah, essa agitação toda soltou tudo aqui. Volto daqui uns minutos."- falou o Filho da puta antes de correr novamente para o banheiro. Fechou a porta, olhou em volta e foi direto para o cesto de lixo. Perguntou-se quem fora o imbecil que jogara fora uma piñata tão bonita quanto aquela. Deixou-a de lado e continuou revistando o lixo. Onde estava? Teria alguém invadido o apartamento e roubado enquanto ele estava distraído?
Furioso, deu um soco na piñata. Gritou de dor ao trincar o polegar, mas abriu um sorriso ao lembrar que era lá que escondera. Então ele abriu o zíper de sua calça.
Enquanto isso, do lado de fora do quarto, Flor de Eucalipto se olhou num espelho e sentiu vontade de chorar, mas percebeu que não tinha a mínima idéia de como fazer isso naquele corpo de coelho. Entediada, resolveu ir atrás do Filho da Puta.
Foi até o banheiro, pulou na maçaneta para abrir a porta e entrou.
"Filho da Puta, você..."
Ele olhou-a espantado. Ela enfureceu-se e gritou:
"SEU FILHO DA PUTA! VOCÊ NÃO TEM VERGONHA DE TER MENTIDO PARA MIM?"
"Flor de Eucalipto, não é o que você está pensando..."
"Como não é o que eu estou pensando? Você me diz que vem cagar e quando eu entro no banheiro eu te pego fazendo sexo?!?"
"Bem, sim, mas... Eu posso explicar..."
"É bom mesmo, Filho da Puta, vai, eu estou esperando para saber porque você prefere fazer sexo com minha perna de mogno ao invés de fazer comigo!" - disse Flor de Eucalipto enquanto tremia as longas orelhas indignada.
"Bom..."- o Filho da Puta percebeu que o melhor a fazer era falar sinceramente - " Escuta Flor, pensa assim... Essa perna de mogno é o que me sobrou para lembrar da mulher que você era. Nós ficamos 9 meses boiando pelados na mesma placenta, certo? Poxa, isso é de longe o momento mais íntimo que eu já tive com uma mulher... Se você fosse um homem também, acho que eu teria que te dar porrada por ter ficado tanto tempo roçando em mim, mas, já que você é mulher..."
Flor de Eucalipto sentiu a irritação passar e transformar-se em paixão, então murmurou:
"Sim Filho da Puta, é como se tivéssemos divido a mesma hidro-massagem por nove meses... Agora você entende meus sentimentos por você?"
"Sim, sim!" - concordou o Filho da Puta, satisfeito por ter se livrado da briga.
"Então me beije como você nunca beijou nenhuma outra mulher, meu irmão..." - sussurrou Flor de Eucalipto, que depois fechou os olhinhos e tremeu o focinho de uma forma sexy.
O Filho da Puta olhou sua irmã e, tentando ganhar tempo para pensar, começou a coçar atrás da orelha dela.
"Ei, você está pensando que eu sou um cachorro? Eu disse beijo, estúpido!"
Foi então que ele pensou na salvação:
"Flor de Eucalipto, você não acha que está na hora de nós voltarmos a discutir a questão de dominar o mundo e tal?"
"Ah, agora?"
"Pensa assim, quando formos os reis da Terra poderemos mandar todos os cientistas do planeta procurarem uma forma de te construir um novo corpo e colocar sua alma dentro dele!"
"É verdade, não tinha pensando nisso!"- entusiasmou-se Flor de Eucalipto - "daí quando eu voltar a ser gostosa você irá querer me comer e eu vou poder voltar a fazer cu-doce!"
"Pôxa, vocês mulheres são todas iguais..."- resumungou o Filho da Puta - "Foi a mesma coisa com a Gerundina... Enquanto eu era um Filho da Puta de verdade, durão, ela tava lá, jogada nos meus pés. Daí foi só eu me apaixonar e virar esse molenga que eu sou agora que PUMBA!, ela me deixou... E o que restou do GRAAANDE Filho da Puta? Um simples chatinho emotivo..."
"Ah irmão, não fica assim... Você não é tão boa-gente assim. Sei que você ainda carrega muitas sacanagens nesse seu coraçãozinho."
"Obrigado, Flor de Eucalipto... Você é uma irmã de verdade!"
Os dois se abraçaram, mas o Filho da Puta se afastou rápido com medo que sua irmã tentasse agarrá-lo. Ela então perguntou:
"Mas afinal, por que vocês acabaram?"
"Ela tinha que assumir o lugar dela no negócio de família..."
"Uma central de telemarketing?"
"Não, não... Líder espiritual de uma organização militar religiosa de extrema direita."
"O quê?"
"É... Parece que quem começou com isso foi o avô dela... Era um grupo de caras meio fora-da-realidade, que ficavam mantendo discussões sem sentido noite adentro..."
"Maçons?"
"Não, não, ainda mais fora da realidade..."
"Trekkers?"
"Também não precisa exagerar, pô... Mas enfim, Gerundina decidiu acabar comigo para se dedicar à Organização após a morte do pai dela. Ela herdou uma organização pacífica mas achou que era necessário se modernizar para companhar os tempos. Comprou armas, contratou mercenários e mudou o nome da Organização para um que iria meter muito mais medo em todos os infiéis inimigos..."
"Qual é o nome?" - perguntou Flor de Eucalipto.
"Os Pronomes."
"Nossa, que nome aterrorizante... Eu passei todo meu tempo de colégio temendo eles."
"Pois é... Ela tinha pensado em os Álgebras também, mas achou que era muito muçulmano."
"Entendi..."- disse Flor de Eucalipto e logo em seguida ela arregalou os olhos - "espera aí, a Gerundina sabe onde moram seus pais?"
"Ah sim, eu levei ela para conhecer os dois. Mamãe fez bracholas... Minhan..."- disse o Filho da Puta, esfregando a barriga.
"TEMOS QUE IR PARA LÁ AGORA MESMO!" - gritou Flor de Eucalipto.
"Comer bracholas?" - questionou o Filho da Puta, embora achasse que era uma ótima idéia.
"Não, Filho da Puta, temos que correr para lá para tentar salvar seus pais. Ou você não percebeu que a mulher que jurou lutar contra nós também ouviu tudo sobre nosso passado e pode ter ido para lá acompanhada de sua milícia militar para torturá-los até tirar tudo que eles sabem sobre as alcachofras?"
O Filho da Puta socou a mesa.
"Maldição... Você tem razão, Flor de Eucalipto. Temos que ir pra lá urgente! Mas antes, eu preciso fazer uma coisa..."
"O quê? O quê?"
"Lembrar onde eu guardei a maldita pistola..."
(continua no próximo capítulo:
12: "Fuzuê Mortal No Capão" )
4 Comments:
sexo animal sobre fogão aceso. um clássico de 1993 revisitado em 2005.
tocante.
muito grato
opa! Recordar é viver! :P
abraços
a
E cada dia que passa... chega um outro!!! A novela tá emocionante!!
o leitor
Já cantava o poeta...
O dia vai...
O barquinho vai...
O mundo vai...
Mas ninguém vooooltaaaaa...
abraços
a
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